Uma das grandes contradições do nosso tempo tem a ver com o consumo.
Por um lado, o discurso político, na sua generalidade, apela de uma maneira aflitivamente suplicante ao consumo argumentando que sem consumo não há emprego, sem emprego não há comércio, sem comércio a economia definha deixando de poder suportar o Estado Social, ou o que vai restando dele.
Por outro lado, o consumo em excesso é igualmente confrangedor: as toneladas de alimentos que todos os dias vão parar ao contentor do lixo, a fixação doentia pela moda, pelas marcas, pelos gadgets...
Eu assisti à abertura do Continente de Alfragide, do Centro Comercial das Amoreiras, da Zara da Guerra Junqueiro e por aí fora, mas não foi por acaso que a mãe estrangeira, de um país onde há muito havia tudo o que começava a aparecer em Portugal, conseguia ser, e transmitiu isso aos filhos, bastante comedida perante a onda desenfreada de consumo e ostentação que tomava o país.
Foi com este espírito que quando o F. nasceu só lhe dávamos os brinquedos que considerávamos oportunos, tendo em conta a qualidade e, como não podia deixar de ser, a quantidade.
Oferecíamos-lhe os brinquedos aos poucos, à medida das suas necessidades. Os presentes de fora eram guardados e estrategicamente disponibilizados procurando estimulá-lo de forma equilibrada. Não se pode dizer que tenha tido poucos brinquedos, mas também não foi um bebé inundado de brinquedos.
Oferecíamos-lhe os brinquedos aos poucos, à medida das suas necessidades. Os presentes de fora eram guardados e estrategicamente disponibilizados procurando estimulá-lo de forma equilibrada. Não se pode dizer que tenha tido poucos brinquedos, mas também não foi um bebé inundado de brinquedos.
No que se refere aos livros seguíamos a mesma lógica. Até que nasceu a L.. Nessa altura já havia alguns livros infantis em casa e quando a L. começou a pegar em livros não mais parou. Entretanto eu própria tinha ficado seduzida pelo universo dos livros infantis. Basicamente tudo se processou assim: primeiro comprava livro a livro consoante os temas que mais interessavam a F.. Depois fui descobrindo a ilustração e as inúmeras possibilidades que revelava junto de F.. Mais tarde, tal como fazia com os brinquedos, fui guardando os livros evitando dar-lhos todos de uma só vez, mas chegou uma altura em que já tinha muitos guardados e os livros não são para estar guardados. Isso aconteceu mais ou menos quando a L. começou a prestar atenção aos livros. Parecia que a necessidade dos dois por livros aumentava, mais na L. até, o que me levou a concluir que a regra da restrição não se aplica aos livros.
Hoje a casa está inundada de livros infantis.
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