Depressa, devagar, Planeta Tangerina, 2009
22,5 cm. x 20 cm. 28 págs.
Texto: Isabel Minhós Martins
Ilustrações: Bernardo Carvalho
Durante o dia uma criança depara com inúmeras situações contraditórias. Não se trata de situações extraordinárias mas sim de cenas comuns do dia-a-dia.
"Depressa, as torradas ficam frias.
Devagar, não entornaste o leite por um triz."
Como se sentirá uma criança a quem é dirigida tamanha quantidade de orientações contraditórias. Com perplexidade? Com naturalidade?
"Devagar, trabalha com mais doçura.
Mas depressa para ainda secar a pintura."
Não são muito diferentes das incoerências que vamos encontrando ao longo da vida adulta e que alguns encaram com perturbação, outros com fruição.
Depressa, devagar evidencia um olhar integrador sobre o mundo e implicitamente opõe-se
a um outro, impositivo, onde tudo tende a ser lógico e ordenado.
Não é por acaso que, logicamente, o verdadeiro protagonista deste livro é o tempo: o tempo que "grita palavras de ordem", o tempo que causa perplexidade, naturalidade, perturbação, fruição...
Num tempo em que o que se ensina e o que se valoriza é a ser o mais racional possível, este livro surge como um regresso às origens, à consciência do tempo, à vida como ela é.
Sem comentários:
Enviar um comentário