O Sapo e o Tesouro, Caminho, 2009
23,5 x 20,5 cm. 28 págs.
Texto e ilustrações: Max Velthuijs
Quando os miúdos começam a fazer perguntas é bom sinal. É sinal daquele desconforto saudável a que me referia no post anterior e que faz com que os leitores se tornem activos e se apropriem dos livros. As histórias do Sapo, de Max Velthuijs são exemplo disso. Em livros em que as ilustrações são leais ao texto, o autor levanta questões importantes, enquadra e relativiza outras, apresenta alternativas...
Por exemplo, n'O Sapo e o Tesouro, o Sapo convida o Ursinho a procurar um tesouro. O primeiro mostra-se muito confiante, aparentando saber perfeitamente o que devem fazer para encontrar o tesouro. Começam a cavar num determinado lugar indicado pelo Sapo e continuam, continuam... até que a dada altura se encontram os dois num buraco escuro do qual não conseguem sair. Gritam, mas ninguém os ouve até que, na manhã seguinte, os amigos (a Pata, o Porco e o Rato) os descobrem e os resgatam. O Sapo conta o que aconteceu e mostra-se inconsolável porque tinha causado uma grande aflição ao Ursinho e ainda por cima não havia tesouro nenhum. Então o Rato, pegando numa pedra da terra amontoada junto ao buraco, anunciou que na verdade o Sapo tinha efectivamente encontrado um tesouro porque aquela pedra contava mais de cem milhões de anos. O livro termina com a decisão do Sapo de entregar o tesouro ao Ursinho porque acredita que ele merece.
Trata-se de uma história com um certo suspense (estamos sempre na expectativa de saber se irão encontrar um tesouro e o que será o tesouro) em que, após um momento de indecisão se chega à conclusão de que afinal o tesouro existe, mas que ultrapassa os limites do material. Em que medida é que as crianças podem entender isto? Não tenho uma resposta única, mas definitivamente pressentem-no e perguntam: mas a pedra é o tesouro? porque é que o Sapo deu a pedra ao Ursinho e não ficou com ela?
Sem comentários:
Enviar um comentário