Literatura infantil para todos.

ARQUIVO DO BLOGUE NO FIM
v. 2 Criei o Triciclo de papel porque sentia necessidade de escrever sobre livros infantis e partilhar o que penso com outras pessoas. É um blogue não académico, não institucional, talvez (espero) mais um contributo para a divulgação da literatura infantil.

v.1 Triciclo de papel
é um blogue dedicado à literatura infantil, publicada em Portugal e Espanha, considerada na sua função didáctica e formativa e, como não podia deixar de ser, perspectivada de uma forma lúdica.
O subtítulo literatura infantil para todos remete para os nossos filhos, para os nossos alunos, mas também para nós, que muitas vezes não temos tempo para ler senão os livros supostamente dedicados a eles.

02/05/11

Onda


Onda, Gatafunho, 2009 [2008]
18,2 x 31 cm.     38 págs.


Ilustração: Suzy Lee


A menina correu em direcção ao mar, radiante, sob o olhar atento das gaivotas, afastando-se da mãe, que esboçava um sorriso enternecido. O vestido de algodão fino esvoaçava e o cabelo ondulante acompanhava os seus movimentos. O mar tornava-se mais nítido à medida que abrandava, até que parou e, junto a ela, as gaivotas. A menina olhava para o mar interrogando-o, interrogando-se. "Como será?" As gaivotas olhavam para a menina interrogando-a, interrogando-se. "Como será?"
De repente, um repuxo de água e espuma subiu a praia. "Depressa, é preciso fugir!" 
Virada de novo para o mar e transformada num ameaçador gigante, a menina rugiu "Grrrrr!" enquanto aquele retrocedia. No instante seguinte observou frente a ela, à distância, uma massa líquida, informe, de volutas e espuma movimentando-se sabe-se lá ao sabor de que poderes. Até que a acalmia chegou. Esticou o braço. Aventurou-se molhando a ponta do pé. Gostou da sensação e daí a nada deu por ela a chapinhar despreocupadamente. O olho vivo das gaivotas deslocava-se entre aquela agitação de água e luz e um ponto mais além. "Cuidado!" A onda cresceu, cresceu, cresceu. A menina correu, correu, correu. Julgando-se a salvo desafiou novamente o mar e este desabou sobre ela. "Tchapum!" Agora sim estava toda ensopada. O cabelo escorrido. O vestido de algodão fino colado ao corpo. Eis que, sentada na areia, ainda desorientada, se acha rodeada de objectos aos milhares: são conchas de muitas formas, estrelas-do-mar e outros bichos engraçados. "Oh! Que bonito!" As gaivotas aproximam-se e chamam com a menina a atenção da mãe. "Olha, mãe!" grita entusiasmada levantando as mãos, mostrando o seu tesouro. A mãe sorri. Passado um bocado diz: "Está na hora de ir embora. Vai lavar as mãos. Amanhã voltamos outra vez". E avançam as duas pela areia, de regresso, a menina a secar ao vento, esboçando um sorriso enternecido, despedindo-se daquele dia bem passado.




O que pensará a Suzy Lee desta interpretação?

2 comentários:

  1. Gostei muito deste livro. A ver se um dia o adquiro

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  2. Obrigada por dar a sua opinião. De qualquer modo queria só esclarecer que este álbum não tem texto. O que eu escrevi foi uma interpretação feita a partir das ilustrações da Suzy Lee.
    Até breve

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