Literatura infantil para todos.

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v. 2 Criei o Triciclo de papel porque sentia necessidade de escrever sobre livros infantis e partilhar o que penso com outras pessoas. É um blogue não académico, não institucional, talvez (espero) mais um contributo para a divulgação da literatura infantil.

v.1 Triciclo de papel
é um blogue dedicado à literatura infantil, publicada em Portugal e Espanha, considerada na sua função didáctica e formativa e, como não podia deixar de ser, perspectivada de uma forma lúdica.
O subtítulo literatura infantil para todos remete para os nossos filhos, para os nossos alunos, mas também para nós, que muitas vezes não temos tempo para ler senão os livros supostamente dedicados a eles.

30/05/11

A ovelhinha que veio para o jantar


A ovelhinha que veio para o jantar, 2009, Dinalivro
23,7 cm. x 27,1 cm.               28 págs.


Texto: Steve Smallman
Ilustrações: Joelle Dreidemy



O escorpião quer atravessar o rio mas não sabe nadar. Olha à volta e, vendo uma rã, aproxima-se para lhe pedir o favor: 
—Rã, não te importas de me levar até ao outro lado? — pergunta. 
A Rã, assustada, encolhe-se, mas ao perceber que o escorpião não vem com más intenções dispõe-se a ouvi-lo com atenção. 
—Rã, eu não te faço mal, leva-me e ganharás um amigo. 
—E como é que eu posso ter a certeza de que não me vais picar? — questiona a rã. 
—Pensa bem, se eu te picasse enquanto estivéssemos a atravessar o rio morreríamos os dois, não é verdade? 
—Sim, tens razão. Eu morreria envenenada, mas tu morrerias afogado. 
—Então, de que é que estás à espera? Não percamos tempo. 
E lá foram. Justamente quando estavam a meio da travessia o escorpião ferra mortalmente a rã. Esta só tem tempo de perguntar: 
—Mas, porquê? porquê? 
E o escorpião só tem tempo de responder: 
—Não me pude conter. Está na minha natureza.

A ovelhinha que veio para o jantar é uma história fiel à ambiguidade do título. A ovelhinha, destinada a ser repasto de lobo, é no fim convidada a partilhar a modesta mas saudável refeição que o amigo redimido tem para oferecer.
Antes mesmo da ovelha aparecer em casa do lobo, este começa a imaginar um belo prato de ensopado de borrego. Depois é a espera das condições óptimas para meter a ovelhinha na panela (o que nos remete para a história de Hansel e Gretel). Só que o lobo se implica a fundo nesta tarefa e quando dá por isso acha-se apanhado na teia sentimental da qual se torna impossível sair. Opta, então, por uma solução airosa e, para não cair na tentação de a comer, expulsa a ovelha de casa. Mas arrepende-se. Até que a ovelha volta e surpreendentemente, qual avô e neta, resolvem dividir a sopa de legumes preparada para o jantar.
É precisamente essa surpresa, essa aposta numa solução criativa e diferente o que me atrai mais nesta história, uma prova de que a história da rã e do escorpião não tem de acabar obrigatoriamente mal... embora seja difícil.

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