A ovelhinha que veio para o jantar, 2009, Dinalivro
23,7 cm. x 27,1 cm. 28 págs.
Texto: Steve Smallman
Ilustrações: Joelle Dreidemy
O escorpião quer atravessar o rio mas não sabe nadar. Olha à volta e, vendo uma rã, aproxima-se para lhe pedir o favor:
—Rã, não te importas de me levar até ao outro lado? — pergunta.
A Rã, assustada, encolhe-se, mas ao perceber que o escorpião não vem com más intenções dispõe-se a ouvi-lo com atenção.
—Rã, eu não te faço mal, leva-me e ganharás um amigo.
—E como é que eu posso ter a certeza de que não me vais picar? — questiona a rã.
—Pensa bem, se eu te picasse enquanto estivéssemos a atravessar o rio morreríamos os dois, não é verdade?
—Sim, tens razão. Eu morreria envenenada, mas tu morrerias afogado.
—Então, de que é que estás à espera? Não percamos tempo.
E lá foram. Justamente quando estavam a meio da travessia o escorpião ferra mortalmente a rã. Esta só tem tempo de perguntar:
—Mas, porquê? porquê?
E o escorpião só tem tempo de responder:
—Não me pude conter. Está na minha natureza.
A ovelhinha que veio para o jantar é uma história fiel à ambiguidade do título. A ovelhinha, destinada a ser repasto de lobo, é no fim convidada a partilhar a modesta mas saudável refeição que o amigo redimido tem para oferecer.
Antes mesmo da ovelha aparecer em casa do lobo, este começa a imaginar um belo prato de ensopado de borrego. Depois é a espera das condições óptimas para meter a ovelhinha na panela (o que nos remete para a história de Hansel e Gretel). Só que o lobo se implica a fundo nesta tarefa e quando dá por isso acha-se apanhado na teia sentimental da qual se torna impossível sair. Opta, então, por uma solução airosa e, para não cair na tentação de a comer, expulsa a ovelha de casa. Mas arrepende-se. Até que a ovelha volta e surpreendentemente, qual avô e neta, resolvem dividir a sopa de legumes preparada para o jantar.
É precisamente essa surpresa, essa aposta numa solução criativa e diferente o que me atrai mais nesta história, uma prova de que a história da rã e do escorpião não tem de acabar obrigatoriamente mal... embora seja difícil.
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